A BELEZA DA CRIAÇÃO
Neste mês de agosto, o Papa Francisco convida a todos e à sua Rede Mundial de Oração (Apostolado da Oração) para rezar “pelos artistas do nosso tempo, para que, através das obras de sua criatividade, ajudem as pessoas a descobrir a beleza da criação”.
Quando lemos o relato da criação no livro do Gênesis, contemplamos o Deus-Artista que vai criando e dando beleza a todas as coisas. O máximo de sua ação criadora foi o ser humano, ser da terra – homem e mulher – criados à sua própria imagem e semelhança.
Deus é beleza! Santo Agostinho chamava a Deus de “Beleza incomparável”. Nós podemos vislumbrar a Beleza de Deus em toda a criação e também na genialidade criativa das obras de artes de tantos artistas. Cada obra de arte, revela algo da Beleza do grande Artista: através da música, das artes plásticas, da iconografia, da escultura, da escrita… tantas formas de revelar a beleza da criação.
Disse Dostoiévski, escritor russo, que “a beleza salvará o mundo”. Hoje quando vemos, ouvimos e sentimos tantas expressões artísticas, notamos que realmente a beleza pode ajudar a temperar o mundo, a dar maior brilho à vida. Como dizia o nosso carnavalesco Joãozinho Trinta “o povo gosta de luxo (beleza). Quem gosta de miséria é intelectual”. A beleza é, portanto, toda expressão de vida plena!
Duas experiências: passei horas, dias, acompanhando meu amigo Marcio Motta, que trabalha com iconografia, quando escreveu (como se diz na linguagem dos ícones) o Pantokrator na Paróquia do Mondubim em Fortaleza e anos mais tarde quando escreveu as duas capelas no Mosteiro de Baturité-CE. Foram dias de muito silêncio, contemplação e oração. Há uma beleza que não está na mente, nos dedos, nas cores, nas tintas, nas ideias. Há algo maior que vai permeando tudo isso. Quando a obra de arte está pronta a gente só pode mesmo contemplar, admirar e rezar.
A outra experiência, eu mesmo a vivi na pele: quando em 1989 foram assassinados os 6 jesuítas, a cozinheira e sua filha, na Universidade dos Jesuítas em El Salvador, a notícia causou um impacto muito grande em todos nós. Eu estava em João Pessoa e ao saber da notícia fui para a Capela conversar com Deus. Fiz uma experiência profunda do mistério! Minha sensibilidade musical fez nascer naquele momento a melodia e a letra do canto “A morte já não mata”. Saí da Capela, partilhei com outro companheiro, passei a letra para o papel e gravei a melodia. Cantamos a música na missa memorial de 7º dia na Catedral de João Pessoa. Noto que minha experiência vem ajudando muita gente a cantar a certeza do mistério pascal de Cristo que vence a morte pela vida.
Neste mês, queremos fazer uma grande corrente de oração por tantos artistas de ontem e de hoje que ajudam as pessoas a descobrirem a beleza da criação, obra das mãos do nosso Deus, revelada em cada arte produzida para dar maior beleza ao mundo.