Artigos, Destaques, Notícias › 01/08/2017

A BELEZA DA CRIAÇÃO

Neste mês de agosto, o Papa Francisco convida a todos e à sua Rede Mundial de Oração (Apostolado da Oração) para rezar “pelos artistas do nosso tempo, para que, através das obras de sua criatividade, ajudem as pessoas a descobrir a beleza da criação”.

Quando lemos o relato da criação no livro do Gênesis, contemplamos o Deus-Artista que vai criando e dando beleza a todas as coisas. O máximo de sua ação criadora foi o ser humano, ser da terra – homem e mulher – criados à sua própria imagem e semelhança.

Deus é beleza! Santo Agostinho chamava a Deus de “Beleza incomparável”. Nós podemos vislumbrar a Beleza de Deus em toda a criação e também na genialidade criativa das obras de artes de tantos artistas. Cada obra de arte, revela algo da Beleza do grande Artista: através da música, das artes plásticas, da iconografia, da escultura, da escrita… tantas formas de revelar a beleza da criação.

Disse Dostoiévski, escritor russo, que “a beleza salvará o mundo”. Hoje quando vemos, ouvimos e sentimos tantas expressões artísticas, notamos que realmente a beleza pode ajudar a temperar o mundo, a dar maior brilho à vida. Como dizia o nosso carnavalesco Joãozinho Trinta “o povo gosta de luxo (beleza). Quem gosta de miséria é intelectual”. A beleza é, portanto, toda expressão de vida plena!

Duas experiências: passei horas, dias, acompanhando meu amigo Marcio Motta, que trabalha com iconografia, quando escreveu (como se diz na linguagem dos ícones) o Pantokrator na Paróquia do Mondubim em Fortaleza e anos mais tarde quando escreveu as duas capelas no Mosteiro de Baturité-CE. Foram dias de muito silêncio, contemplação e oração. Há uma beleza que não está na mente, nos dedos, nas cores, nas tintas, nas ideias. Há algo maior que vai permeando tudo isso. Quando a obra de arte está pronta a gente só pode mesmo contemplar, admirar e rezar.

A outra experiência, eu mesmo a vivi na pele: quando em 1989 foram assassinados os 6 jesuítas, a cozinheira e sua filha, na Universidade dos Jesuítas em El Salvador, a notícia causou um impacto muito grande em todos nós. Eu estava em João Pessoa e ao saber da notícia fui para a Capela conversar com Deus. Fiz uma experiência profunda do mistério! Minha sensibilidade musical fez nascer naquele momento a melodia e a letra do canto “A morte já não mata”. Saí da Capela, partilhei com outro companheiro, passei a letra para o papel e gravei a melodia. Cantamos a música na missa memorial de 7º dia na Catedral de João Pessoa. Noto que minha experiência vem ajudando muita gente a cantar a certeza do mistério pascal de Cristo que vence a morte pela vida.

Neste mês, queremos fazer uma grande corrente de oração por tantos artistas de ontem e de hoje que ajudam as pessoas a descobrirem a beleza da criação, obra das mãos do nosso Deus, revelada em cada arte produzida para dar maior beleza ao mundo.

Pe. Eliomar Ribeiro, SJ
Diretor da Rede Mundial de Oração do Papa (AO) e MEJ

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