Era o dia 03 de dezembro de 1844, na pequena cidade francesa de Vals, os jovens jesuítas no seminário estão positivamente inquietos com a testemunho dos missionários vindos do sul da Índia e da África. Depois de ouvirem atentamente os relatos e notarem a grande necessidade dos lugares de missão, sonham em ir logo para lá.
O Pe. Francisco Xavier Gautrelet que os acompanha lhes recorda a necessidade de concluir primeiro a formação para depois partir em missão e lhes propõe um movimento de oração pessoal e comunitária, qual seja, oferecer a vida diariamente pela missão da Igreja. Daí nasceu o oferecimento diário, que é o modo de oferecer tudo ao Senhor. São convidados também à revisão de vida para perceber todos os dias por onde Deus lhes está conduzindo.
Após algum tempo eles percebem como é positivo o efeito que o oferecimento diário e a revisão de vida lhes provocam e começam a propor tais atitudes para as pessoas das comunidades onde eles iam nos finais de semana. Muita gente começa a fazer a mesma coisa. Diante da necessidade de dar um nome ao que está nascendo e crescendo com muita força, pedem ao Pe. Francisco e ele então dá o nome de “Apostolado da Oração”.
Em 1849, o Bispo de Le Puy indo a Roma apresenta ao Papa Pio IX o novo movimento que surgiu em Valls e que ele já havia aprovado em sua diocese. O Papa fica tão impressionado que dá a aprovação sem colocar nenhuma objeção, alguns anos mais tarde o mesmo Papa vai aprovar também os Estatutos.
No ano de 1880, o Papa Leão XIII pediu ao Apostolado da Oração a terceira atitude diária – rezar pelas intenções de oração! A partir daí surgiram as três atitudes que são: oferecimento do dia, rezar pelas intenções do Papa e avaliação diária de vida. Isso tudo para ajudar a missão da Igreja.
Trata-se, portanto de um programa de vida, um caminho do coração, que nos mantém conectados com o Coração de Jesus para servir ao coração do mundo que sofre. O missionário é aquele que sempre está atento às necessidades de Cristo neste mundo. A força da oração ajuda muito a missão.
O Papa Leão XIII também nos pediu uma outra missão: cuidar da devoção ao Sagrado Coração de Jesus que é na verdade estar atentos aos sentimentos mais profundos do coração de Cristo para com a humanidade e querer viver como ele viveu. Olhando para Jesus nós contemplamos o que fez, a quem fez e como fez. Isso ajuda a nossa ação missionária.
A divulgação do Apostolado da Oração (AO) no mundo deve-se, sobretudo, ao Pe. Henrique Ramière, SJ. Foi ele o grande organizador e promotor do AO. Em numerosos artigos e escritos, explicou amplamente e, de maneira acessível, a doutrina do AO, e deu à obra uma forma definitiva.
Em 1861, publicou um livro intitulado “O Apostolado da Oração, santa Liga de corações cristãos unidos ao Coração de Jesus”. Era uma reedição ampliada de um livreto anteriormente publicado pelo Pe. Francisco Xavier Gautrelet.
No mesmo ano, começou a publicação de uma revista mensal intitulada Mensageiro do Coração de Jesus, que rapidamente se difundiu em todas as nações, nas respectivas línguas: na Itália em 1864; na Áustria no ano seguinte; nos Estados Unidos e na Espanha em 1866; na Colômbia e na Hungria em 1867; na Inglaterra em 1868; na Holanda e na Bélgica em 1869, etc.
Os grupos do Apostolado cresceram rapidamente. Após alguns anos já estavam presentes em todas as Paróquias da Diocese e deixaram impressionados tantos os párocos como o Bispo. Um movimento simples, silencioso, que começou a causar um enorme interesse e compromisso com a missão da Igreja.
Assim sendo, o Apostolado da Oração é um modo de ajudar diariamente a missão de Cristo na Igreja através oração e da revisão de vida. Sendo missionário desde o lugar onde estou. Não é preciso ir para o lugar da missão para me sentir participante e responsável pela missão. Sou chamado a ser missionário onde estou: minha casa, minha família, meu trabalho, minha escola, meu grupo eclesial, meu grupo de amigos.
O AO no Brasil
O Apostolado logo se espalhou por todo o mundo e chegou ao Brasil através de dois missionários jesuítas. O Pe. Bento Schembri, fundou em Recife o 1º centro do AO em 1867 e poucos anos depois em 1871, em Itu, o Pe. Bartolomeu Taddei fundou o centro do AO que espalhou ramos por todo o país. Por essa razão, o Pe. B. Taddei é considerado o fundador e o propagador no Brasil. Nomeado Diretor Nacional, Pe. Taddei estendeu o AO a todos os estados, de tal forma que o Cardeal D. Sebastião Leme afirmou que o “renascimento espiritual do Brasil é obra do AO”.
No dia 1º de junho de 1896, Pe. Taddei conseguiu superar todas as dificuldades e lançar o primeiro número da revista Mensageiro do Coração de Jesus, como revista de formação cristã e órgão oficial do AO. Além disso, com a colaboração fervorosa do AO, Pe. Taddei realizou o Primeiro Congresso Católico Brasileiro, em 1900, na Bahia, completado com o Congresso de São Paulo e o do Rio de Janeiro. Esses congressos preparam o caminho para a Ação Católica e para a Ação Social em nosso país.
Intensificando a vida eucarística e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, o AO revitalizou por toda a parte a prática da religião, tanto individualmente como nas famílias (por meio da consagração das famílias), através da consagração de municípios, de cidades, de estados e de todo o Brasil. A consagração do nosso país ao Sagrado Coração de Jesus foi realizada oficialmente por ocasião do 36º Congresso Eucarístico Internacional celebrado em 1956 no Rio de Janeiro.
Pe. Taddei faleceu dia 3 de junho de 1913, m Itu, junto ao Santuário do Coração de Jesus, por ele edificado, deixando em pleno funcionamento 1.290 centros do AO espalhados por todo o Brasil, com milhares de associados.